terça-feira, 20 de julho de 2010

E a ficha ainda não caiu!

Tudo começou em uma viagem de férias, quando ela percebeu uma alteração ao evacuar, mas passou. Uns 2 anos depois, alguns episódios de sangramento. Idas a vários médicos e todos os diagnósticos possíveis, menos o que no fundo já sabíamos que era. Até que um dia, não suportando mais aquela situação (mais precisamente dia 08/08/2009), ela colocou na CDC - Coisas pra Deus Cuidar. Dia 12/08/2009 eu recebo um telefonema de que ela estava passando muito mal, não conseguia nem se levantar da cama. Saí desesperada e a encontrei com febre, dor, vomitando e muito amarela. Fomos então para o hospital algumas horas depois e o médico resolveu interná-la, para meu desespero! Os dias foram passando e nada dela ter alta ou sequer melhorar, pois, quando achava que ela estava melhorando, vomitava ou tinha diarréia novamente. A principal suspeita era que o mioma que ela tinha estivesse causando a anemia, logo, retirá-lo resolveria todos os problemas. Depois de idas e vindas, tentativas frustadas de transferí-la para o hospital do plano (ela estava em um hospital público), resolveram não tirar o mioma enquanto não descobrissem a causa da diarréia. Um dos médicos resolve então investigar a causa da anemia, por acreditar que um mioma não poderia causar uma anemia tão forte. Exame pra lá, exame pra cá, até chegar o mais temido: a tal da colonoscopia....Resultado: alteração no reto. Mandaram pra biópsia.... Quando eu liguei pra minha mãe naquela manhã percebi que havia algo errado e ao chegar ao hospital à noite, ela confirmou o que eu não queria ouvir: o resultado da biópsia foi neoplasia do reto alto (tumor maligno a 14 cm do ânus; o aparelho de colonoscopia nem conseguiu passar direito). Desesperei-me, perguntei a Deus porque, chorei, berrei, mas fazer o que? Tinha que enfrentar a situação. Então a cirurgia foi marcada para o dia 21/09/2009, 7 da manhã. A previsão inicial era que o tumor seria retirado, se possível, também o útero, e uma bolsa de colostomia colocada até que tudo cicatrizasse. Depois das 4 agoniantes horas, minha mãe sai do bloco perfeitamente bem e vai para o quarto, apesar da anestesia. Feliz e saltitante, fui então comer alguma coisa, pois ficaria com ela até o outro dia, quando minha segunda mãe viria para que eu pudesse descansar. Comi, comprei lanche para meu avô e para nossa amiga (Verônica, essa que eu digo que é minha 2ª mãe) e na volta encontrei com os médicos que estavam cuidando do caso. Meu sorriso logo se transformou em lágrimas quando ouvi da boca de um deles, resumidamente, o seguinte: que o tumor não foi retirado pois estava muito grande e já grudado nos órgãos da pelve (pelve congelada - mas não havia metástase), a colostomia seria definitiva, a quimio paleativa ("os cabelos não vão cair, como mostram nas novelas" - como se isso fosse algum consolo) só para impedir o tumor de crescer mais, não haveria uma segunda cirurgia para tentar ressecá-lo, provavelmente haveria metástase futturamente e o pior: ela só teria mais ou menos 1 ano de vida. Pensa na situação da pessoa....entreguei o lanche ao meu avô, sem que ele percebesse nada, e sai chorando hospital a fora procurando a Verônica. Contei a ela e choramos juntas; liguei para um dos meus tios e para três amigas. Uma delas (Raquelzinha) foi simples e direta: "eu não aceito isso; não foi o que Deus me disse", a outra (Ana) rapidamente foi me buscar no hospital e levar para a casa dela, e junto com sua irmã, me deu colo e orou comigo naquela tarde chuvosa (literalmente) e a terceira (Jana) foi para minha casa, me arrastando para a dela depois para não me deixar sozinha (eu implorei ao meu outro tio para arrastar meu vô para a casa dele) e também me disse algo que nunca vou esquecer: "é a hora de você entregar sua mãe totalmente pra Deus, pq, enquanto você não fizer isso, Ele não vai agir". Naquela noite,peguei a bíblia e pedi a Deus que me revelasse o que estvaa por vir, por mais duro que fosse. Só vieram palavras de vida e eu, morrendo de medo de estar ouvindo o que queria, acreditei com todas as minhas forças (que não tinha, pra ser mais exata). No outro dia fui para o hospital e quando o médico passou para ver minha mãe, dei uma "dica" e ele explicou mais ou menos o que estava acontecendo, tirando a parte do prazo de vida, da quimio paleativa e da bolsa definitiva. Uma semana depois minha mãe teve alta e era hora de encarar meio que sozinha a realidade do dia-a-dia: primeiras trocas da bolsa, exames para o início da quimio, o medo de que o cabelo caísse, das náuseas e tudo mais, fora as ginásticas para esconder a verdade... a quimio começou e eu não tive coragem de ir nos primeiros dias, até que ela me explicou que era simplesmente um soro aplicado na veia, não havia cenas assustadoras. Chegou o momento de mostrar a ela a receita da bolsa "definitiva", de eu acompanhá-la à quimio, das sensações de evacuar pelas vias normais, das primeiras reuniões em família, da primeira saída após 90 dias de repouso, de deixá-la sozinha em casa e tudo passou, aos troncos e barrancos, mas passou. O primeiro CEA (exame que mede as taxas de células cancerígenas) foi feito em novembro, quando começou a quimio, deu 23. Em abril, essa taxa foi a 6.3 e minha mãe conversou com a oncologista sobre uma segunda cirurgia; ela respondeu que o que a equipe de cirurgia decidisse, ela apoiaria. A equipe do hospital onde minha mãe foi operada não deu esperanças e ela resolveu consultar a equipe do hospital onde faz a quimio, que deu esperanças e marcou. A oncologista ficou na dúvida, mas disse que como médica, esperaria mais uns 2 ou 3 meses, mas como pessoa pagaria para ver. A cirurgia foi marcada para o dia 28/04/2010 às 14hs (lembra que não haveria segunda cirurgia?), com três possibilidades: melhorar o ostoma (que era muito grande), retirá-lo ou trocar de lado e, de acordo com os exames, havia possibilidade de fazer muita coisa. A cirurgia começou e se passaram 2, 3, 4hs (o que a gente esperava que demorasse) e nada; todo mundo saía do bloco, mas minha mãe continuava lá. Escureceu e nada... 6hs depois, por volta de 20.30hs a enfermeira, a quem eu já havia perguntado umas 500 vezes sobre o término da cirurgia, perguntou se eu queria vê-la. Mais que depressa entrei na sala de recuperação em um momento Grey's Anatomy (de roupa azul e touca) e ali estava minha mãe, vivinha e reclamando de muitas dores, perguntando se a bolsa havia sido retirada e contando como ela teve medo de morrer e me deixar sozinha. Uns 40 minutos depois ela foi para o quarto; eu já estava esgotada, mas queria ficar lá para quando ela acordasse e visse a bolsa, mas uma enfermeira me viu chorando no corredor e contou pra ela (pode um negócio desse?rs). Ela me disse que o médico tinha falado daquelas três possibilidades e que ela já estava preparada e me mandou pra casa do meu tio. Os exames seguintes foram ótimos, mas 1 de sangue deu aumento das células cancerígenas. Foi repetido, mas as tomografias não deram nada.Td indica que seja endometriose. Ela ainda sente dores fortes que às vezes assustam; está cansada de lutar. E eu nisso tudo descobri quem são meus verdadeiros amigos e que Cristo move as montanhas e tem poder pra salvar (ai, Hillsong tem sido um instrumento de Deus nesses dias, mais que nunca!). Lembro que comecei a escrever esse pos em êxtase com os exames negativos, há +-3 meses, e termino assustada, cansada, sem sequer ter lágrimas ou conseguir pensar sobre o assunto, com vontade de sumir e sabendo que meu único recurso é continuar crendo que Deus sabe o que tá fazendo....Sei que foi a graça dEle que me sustentou esse tempo todo, pq sozinha eu jah teria pirado!E sei q eh ela que continuará a me sustentar...

Pra terminar: Anja, Dan, Lisa, Ana, Re, Quel, Leidy, Oni, Jana e Peruas: o que seria de mim sem vocês??Obrigada por se importarem, mesmo q seja às 3 da manhã!!Não tenho como agradecer! Amigos mais chegados que irmãos e que mesmo longe, estão tão perto!

E a todos que tem torcido por um final feliz, mto obrigada!!

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